28/08/2013

[OPINIÃO] Adeus, Casos de Família

Por Luan Borges

"Crueldade. Apenas isso define o que aconteceu com Christina Rocha e seu Casos de Família. O programa está no ar desde 2004, quando era apresentado por Regina Volpato – Christina só chegou em 2009, com o novo formato, com os barracos mais bem feitos da TV. Na semana passada, uma nova fase do programa começou: semanal, às quartas, após o Ratinho, com barracos mais explícitos. A audiência foi excelente: 9 pontos, contra 4/5 do “Amigos da Onça”, programa que substituiu, e 9 da Record no mesmo horário. Um dos diretores do SBT, Fernando Pelégio, até parabenizou Christina no Twitter.

Mas não foi o suficiente. Inexplicavelmente, Silvio Santos tirou o programa do ar. Não se sabe porque, não se sabe se vai voltar. O novo Casos de Família, que prometia ser um telebarraco para concorrer com o genial Teste de Fidelidade, infelizmente, não pôde marcar sua página na história da baixaria na TV. Perde-se um pouco do entretenimento puro e simples da TV.

É a vitória dos certinhos. Vitória daqueles que acham que a TV deve ser altruísta e educar, quando, na verdade, seu papel é ser um circo muito bem arquitetado. Vitória daqueles que conseguiram “coxinizar” o Ratinho. Vitória daqueles que conseguiram exilar o João Kleber durante anos em Portugal. Vitória daqueles que reclamam de pegadinhas, piadas e propagandas. Vitória dos chatos.

“Eu canto bem! Você que escuta mal”, “Feliz era Adão que não tinha sogra”, “Ficou viúva, virou periguete”, “Me intrometo na sua vida porque me dá prazer”, “Você nasceu ganso, mas virou cisne!”, “Se você fosse homem, seria um travesti”, entre diversos outros temas foram discutidos de forma nada ortodoxa e bem mais interessante que no enfadonho “Na Moral” – chupa Bial.

Armado? Talvez. Polêmico? Certamente. Mas uma coisa é incontestável: o Casos de Família foi o primeiro programa a colocar os gays como centro de um debate aberto. Perdeu-se um dos principais fóruns de debate popular da televisão brasileira. Um programa onde as travestis não tinham vergonha de bater cabelo, mulheres assumiam suas vontades sexuais sem pudor, gays assumiam relacionamentos.

E, assim, acaba um pouco do que os intelectualóides cults chamam de baixaria, o que é, na verdade, apenas uma representação do povo na TV. O povo gosta da baixaria, mas são raros os que assumem. Por mais que Kogut, Daniel Castro, Flávio Ricco e outros “especialistas” em TV – embora a maioria tenha sido demitido dela, né, Ricco? – digam que não, a baixaria dá audiência. Se não desse, os concertos de música clássica na TV Cultura seriam líder, e não a novela. Né, cadela?"

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